29 fevereiro 2012

"Aaron's Rod" - Florence...

foto de filipe's glance


"The very afternoon after Aaron's arrival in Florence the sky became dark, the wind cold, and rain began steadily to fall. He sat in his big, bleak room above the river, and watched the pale green water fused with yellow, the many-threaded streams fuse into one, as swiftly the surface flood came down from the hills. Across, the dark green hills looked darker in the wet, the umbrella pines held up in vain above the villas. But away below, on the Lungarno, traffic rattled as ever. (...)"

(D. H. Lawrence)

28 fevereiro 2012

"The Italian Journey" - Roma...


foto de filipe's glance

No seu "The Italian Journey", Goethe apresenta a sua longa e descritiva viagem por Itália, às vezes também eu fico com  vontade de descrever algumas das minhas viagens e passeios por Itália...

Uma dessas viagens, não foi uma novidade, foi um  interessante regresso à Cidade Eterna, apenas por algumas horas (apenas de passagem), no último dia de umas agradáveis e revigorantes férias.

Quando apenas sem tem algumas horas e a cidade de Roma tem muito para oferecer, há que saber seleccionar de forma adequada, e como estava acompanhada por um "novato", saber como apresentar e despertar a curiosidade para uma nova e alargada visita.

Roma é uma cidade ideal para se visitar a pé (por mim, visitava sempre tudo a pé), pois os principais monumentos, museus e igrejas encontram-se suficientemente perto uns dos outros. E para onde quer que olhemos, podemos deparar-nos com um pormenor pitoresco que agrada a maioria dos seus visitantes. Como dizia Goethe, “a cada passo um palácio, uma ruína, um jardim, um deserto, uma pequena casa, um estábulo, um arco triunfal, uma arcada, e todos tão próximos que os poderíamos desenhar numa pequena folha de papel”.

De mapa na mão, iniciámos o percurso próximo da Basílica de Santa Maria Maggiore, com o intuito de percorrer os principais vestígios de história e o labirinto de ruas cheias de vida, que também merecem particular atenção.

Assim, a primeira paragem, na nossa fabulosa viagem no tempo, foi o Colosseo, o símbolo mais famoso da cidade,  construído no século I como um presente para os Romanos. E ainda próximo deste imponente monumento, algumas vistas sobre as ruínas do Foro Romano e do Palatino.
Como é obvio, não descuidámos a passagem pela espantosa e extravagante Fontana de Trevi, de modo a apreciar a imponência e o brilho de Neptuno, mas sem atirar a moedinha e pedir desejos. Da primeira vez que passei por Roma, não coloquei em prática este tradicional hábito, e mesmo assim regressei a esta capital, da segunda não quis deixar de o fazer, pois nunca se sabe, além de pedir para regressar, aproveitei e pedi mais alguns desejos, devo dizer que todos eles se realizaram, ou porque assim tinha de ser ou porque Neptuno assim o quis, isso já não sei.  Mas como já tive a fortuna de ver alguns dos meus sonhos realizados e encontrava-me na companhia de um deles, não foi necessário voltar  a faze-lo, para não abusar da boa vontade dos deuses.
E para finalizar o dia, nada como passar algum tempo numa explanada a observar músicos, artistas e turistas. Esse tempo foi desfrutado na admirável Piazza Navonna, considerada uma das mais belas praças do mundo (eu concordo, apesar do meu gosto duvidoso, segundo a minha companhia...),  que deve a sua forma alongada ao antigo estádio romano sobre o qual foi construída.  E cuja principal atracção é a espectacular Fontana dei Quattro Fiume, de Bernini, representando simbolicamente o rio Ganges, Danúbio, Prata e Nilo.

Mas o dia não está terminado sem uma boa cena, que se realizou na enoteca Cul de Sac, com uns Raviole de Laranja e um vinho branco, mas o melhor ... as promessas e sonhos de voltar à cidade Eterna, para apreciar com mais atenção cada pormenor pitoresco, escutar o chamamento da água de cada uma das fontes, sentir o aroma e perfume de cada rua e ruela, degustar os doces gelados e assimilar séculos e séculos de história.



27 fevereiro 2012

Príncipe...



“Chamei-te príncipe...
Vezes sem conta...
Saboreando cada letra
Assumindo cada uma a tua forma, o teu cheiro, os teus lábios ...
O meu príncipe de olhos verdes
O meu príncipe de olhos mágicos
E não és um príncipe.
Um príncipe é uma promessa de homem,
E tu não és uma promessa.
És uma certeza.
Um homem de verdade.
Continuas a ser mágico porque só a magia do amor é verdadeira.
És real, sei quem és e isso ainda te torna mais tu.
Somos mais porque existe um novo coração que passou a bater quando passamos a ser nós.”

(Marta Mondragão)

Fragmentos da cidade...





Os passeios por esta cidade (eu sei que não é só nesta!), conseguem sempre mostrar algo novo, basta simplesmente estar atento...
Tenho por regra, sempre que posso, descobrir uma rua nova, encontrar um caminho novo e alternativo, tentar fugir ao circuito básico e turístico, para  melhor conhecer a cidade e a sua genuinidade. Melhor conhecer, o que está para além daquilo que os turistas procuram.

26 fevereiro 2012

"O meu amor não cabe num poema..."


















"O meu amor não cabe num poema - há coisas assim,
que não se rendem à geometria deste mundo;
são como corpos desencontrados da sua arquitectura
ou quartos que os gestos não preenchem.

O meu amor é maior que as palavras; e daí inútil
a agitação dos dedos na intimidade do texto -
a página não ilustra o zelo do farol que agasalha as baías
nem a candura da mão que protege a chama que estremece.

O meu amor não se deixa dizer - é um formigueiro
que acode aos lábios como a urgência de um beijo
ou a matéria efervescente dos segredos; a combustão
laboriosa que evoca, à flor da pele, vestígios
de uma explosão exemplar: a cratera de um corpo,
ao levantar-se, deixa para sempre na vizinhança de outro corpo.

O meu amor anda por dentro do silêncio a formular loucuras
com a nudez do teu nome - é um fantasma que estrebucha
no dédalo das veias e sangra quando o encerram em metáforas.
Um verso que o vestisse definharia sob a roupa
como o esqueleto de uma palavra morta. Nenhum poema
podia ser o chão da sua casa."

(Maria do Rosário Pedreira)


24 fevereiro 2012

"Soneto de Florença"



"Florença...que serenidade imensa
Nos teus campos remotos, de onde surgem
Em tons de terracota e de ferrugem
Torres, cúpulas, claustros: renascença

Das coisas que passaram mas que urgem...
Como em teu seio pareceu-me densa
A selva oscura onde silêncios rugem
No meio do caminho da descrença...

Que tristes sombras nos teus céus toscanos
Onde, em meu crime e meu remorso humanos
Julguei ver, na colina apascentada

Na forma de um cipreste impressionante
O grande vulto secular de Dante
Carpindo a morte da mulher amada..."

(Vinicius de Morais)

21 fevereiro 2012

"Home sweet home..."




Após a chegada a Florença, como aqui referi a primeira peripécia foi encontrar casa...

Quando cheguei, instalei-me no “Hostel Archi Rossi” (que aconselho vivamente a jovens mochileiros que visitem esta cidade). Mas a minha permanência, neste hostel, foi mais longo do que o previsto e num local onde normalmente uma cara apenas se vê uma noite ou duas... a minha já começava a ser muito familiar!
No último dia, que fui comunicar à recepção que precisava de mais umas noites, informaram-me que tinham muitas reservas e que nessa noite só seria possível ficar num quarto misto...
Além de não me apetecer mudar de quarto, estava cansada daquela situação!
E muito cansada de ter passado dias a telefonar a várias pessoas que alugavam quartos ou casas, a visitar casas, a obter estranhas respostas em sites onde me havia inscrito para procurar casa. E ainda, enfrentar o proprietário de uma imobiliária, que era tudo menos honesto, pois  a minha sorte foi perceber italiano, e melhor ainda, perceber um telefonema que ele fez à minha frente, sobre  a minha possível futura casa...
Pois nesse último dia, sai do Hostel e pela primeira vez, reparei numa imobiliária que ficava no caminho que percorria todos os dias, e que eu nunca tinha visto (parece de filme!). Entrei, cansada e já em lágrimas (mais uma vez, à filme!) e fiz a típica pergunta...
Passado cerca de uma hora, estava a conhecer o espaço que passaria  a ser a minha casa...durante estes dois anos por Florença. E tudo indica que assim vai continuar a ser.

É uma casa minúscula, como alguém lhe chama “uma casinha de bonecas”, mas é um cantinho muito agradável, que actualmente nada tem  a ver com as paredes frias e brancas que eu conheci há dois anos atrás...Agora, é o meu cantinho!
Foram várias as vezes, a última a semana passada, que procurei nova casa, que analisei todos os inconvenientes (sim, porque tem alguns) e todos os convenientes deste meu Monolocale...E acabo sempre, por aqui ficar!

E depois, tenho um senhorio, que é uma personagem...devo dizer, mais uma vez, típico de filme!! 

20 fevereiro 2012

Como o tempo passa...


É incrível como o tempo passa, faz exactamente hoje, dois anos que eu cheguei a Florença...

Ainda consigo ver a imagem de chegar com muitas malas (sim, porque isso não me lembro, qual era o número de malas!?) e sentir o cansaço do enorme dia de viagem...Só a viagem em si, foi uma aventura!

Consigo lembrar-me das caras que vi e das pessoas que conheci durante a viagem (que vou lembrar para sempre)...consigo lembrar-me dos cheiros e sons de quando cheguei...consigo reviver de forma tão perfeita os primeiros dias de novidade e descoberta, e aqui, mais uma vez, consigo lembrar as pessoas que conheci ...os momentos e conversas que assisti...

A cidade não era nova para mim, a Universidade também não, e algumas caras já me eram familiares, mas o momento era novo!! Havia muita coisa nova a fazer e a descobrir...

Claro que a primeira peripécia, foi encontrar um espaço a que eu pudesse chamar Casa! Depois os primeiros dias, na minha casa...e mais uma vez, ainda há sons e cheiros que me fazem “viajar” para esses primeiros tempos...

Seguidamente veio o trabalho, a adaptação, os colegas, os amigos, o grupinho de simpáticos portugueses que por aqui encontrei... E associado a todos eles, as festas, os jantares e os passeios.
Nem tudo foi fácil, consigo lembrar os momentos difíceis e os bons, mas acho que felizmente, ficaram melhor impressos em mim  e nas minhas fotografias os bons, os que interessam!
Claro que os outros, de alguma forma, tiveram a sua importância.

E quando “folheio” este álbum, quando passo os olhos por estas imagens, consigo reviver novamente o meu primeiro ano por Florença, um ano repleto de muitas memórias.
O segundo ano por aqui, o que está a terminar hoje, foi muito diferente!

Já me sentia e sinto completamente em casa, no meu espaço, na “minha” cidade, nos meus cantos e recantos...
Mas, neste segundo ano, estava um pouco mais sozinha, o grupinho de simpáticos portugueses, já não partilhava comigo esta adorável cidade. Isto foi uma grande diferença, devo confessar (oh para eles todos contentes, por eu ter sentido  a falta deles!)...

Já não havia tanta novidade, tanta descoberta...e acho que foi um ano em que passei mais tempo sozinha, a contemplar e a apreciar os meus cantos na cidade, um ano de muita introspecção, de muita indecisão...um ano, que recordo nada fácil!

Mas, agora que faço um balanço, não é bem assim (!), também tive muitos e agradáveis instantes, na cidade, com os colegas, nos meus passeios, nos meus momentos...e no trabalho!

Também consigo, ao “folhear” este livro, ao “viajar “ através destas minhas imagens, reviver um ano grande, recheado de incríveis instantes... e mais uma vez, de boas memórias.
Não faço a mais pequena ideia, de como vai ser este novo ano, mais um ano nesta que eu chamo de “minha” cidade. Mas os planos e as ideias para aproveitar esta experiência, este "Laboratório com vista", são muitos...

Finesettimana...







Entre passeios pela cidade, visitas ao "mercado biológico", espectáculos de rua, cinema e muita fotografia, assim se passou mais um fim de semana, nesta fria e finalmente chuvosa Florença...

17 fevereiro 2012

Artistas de Florença...Stefano Ramunno

Piazza Santo Spirito


aqui tinha falado do quanto gosto de espreitar o atelier do Stefano, para conhecer as novidades. E agora, apresento algumas imagens do seu trabalho. 
Começando assim, também, a apresentar  uma selecção de artistas de Florença...

Gosto imenso do trabalho deste Fiorentino e possuo algumas reproduções, em postais, a "decorar" a minha casa, até um dia poder ter um quadro! Um quadro, que simbolize, mais uma boa memória desta terra...

O atelier fica muito próximo da Piazza Santo Spirito, da "minha" piazza, que é, sem dúvida, uma fonte de inspiração para o artista, pois muitas das obras tem a Chiesa de Santo Spirito como motivo principal. Sendo que na maioria do seu trabalho representa, de forma muito original, vários monumentos da cidade. E consegue transmitir  a ideia de uma Florença mágica, que nos faz sonhar!
Apreciando o seu trabalho,  podemos continuar a sonhar...







Imagens retiradas do flickr do Stefano.

14 fevereiro 2012

O Amor em Florença...

foto de filipe's glance

Quando passeamos em Florença, principalmente junto ao gradeamento das pontes, não podemos deixar de reparar nos “Lucchetti di amore”, que é como quem diz, os cadeados do Amor.

É uma prática corrente entre os casais apaixonados que visitam Florença, colocarem um cadeado, com os seus nomes, no gradeamento de uma das pontes. A simbologia desta prática, que não se sabe  quando começou, é a ligação eterna entre o casal!

Inicialmente, os cadeados eram só colocados na Ponte Vecchio e as chaves dos mesmos lançadas ao Arno. Actualmente esta prática é proibida, pois a quantidade de chaves acumuladas no fundo do rio era impressionante, assim como é impressionante a quantidade de cadeados que podemos observar ao longo das pontes.

Com a quantidade de turistas, entre eles imensos casais apaixonadas que passeiam por Florença diariamente e juram amor eterno deixando o seu “luccheto di amore”...a quantidade desses mesmos cadeados actualmente seria abismal, não fosse a limpeza periódica que os mesmos sofrem...

Mas, se a simbologia é o amor e ligação eterna, se estes cadeados são removidos,  haverá uma quebra nessa simbologia?
Ou será que apenas o acto em si, é suficiente, que não é necessário que o “luccheto” permaneça eternamente na ponte ?
Será que os milhares de cadeados simbolicamente aqui colocados, significam milhares de almas entrelaçadas por toda a eternidade?

Não sei a resposta a nenhuma destas questões e acho que ninguém sabe...

Florença é uma cidade mágica e romântica, que serviu de cenário e refúgio a tantos enamorados. 
Acho que só o facto de a partilhar com alguém especial é suficiente para eternizar belos momentos.

Os “luccheti", não são o único símbolo de “amor em Florença”, mas são o mais curioso...


foto de filipe's glance

13 fevereiro 2012

Do fim de semana...


Com as temperaturas que se fazem sentir nesta cidade, o fim de semana foi muito caseiro...

Mas, apesar do frio, ou como desculpa para estas temperaturas horríveis,  fui beber um chocolate quente e passear na “Fiera del Cioccolato Artigianale”. Onde foi possível conhecer chocolates de muitas  formas e variados sabores.






E porque é irresistível, tive de dar o meu passeio mensal, pela feira de velharias, antiguidades e afins...na Piazza Santo Spirito, onde aproveitei igualmente para beber um cappuccino bem quente, de forma a contrastar com a água da fonte dessa mesma Piazza.



12 fevereiro 2012

"Um pedaço de céu..."


"Tu, a que eu amo nesta manhã
que trouxe a tua imagem com os ruídos
da rua, vai até à janela,
levanta as persianas do quarto, e olha
o céu como se ele fosse
um espelho. Diz-me, então, 
o que vês? As nuvens que passam
pelos teus olhos? Um azul cuja
sombra te desenha o contorno
das pálpebras?  A mancha rosa do nascente
que o horizonte roubou ao
teu rosto? Mas não te demores. Um espelho
não se pode olhar muito tempo; e
o céu da manhã é dos que mudam com
as variações da alma. Pode ser que o céu
roube um sorriso aos teus lábios: e
mo traga, para que eu o ponha neste poema,
onde te vejo, um instante, enquanto
a manhã não acaba." 

(Nuno Júdice)

07 fevereiro 2012

Bianca Toscana...




Numa simples viagem entre Pisa e Florença, foi possível registar, o quão a Toscana está fria, mas  inigualavelmente bonita...