Quando falei dos
meus primeiros tempos por Florença (Como o tempo passa...), mencionei que no
primeiro ano, partilhei esta fantástica cidade com um simpático grupo de
portugueses...
Pois bem, hoje
apetece-me falar um pouco mais, em particular, de alguns elementos desse
grupinho... e que tiveram uma grande importância na minha adaptação e primeiras
vivências por terras de Dante, elementos esses que passaram a fazer parte da minha “árvore das amizades”.
Passado pouco
tempo, apenas alguns dias, de eu ter chegado a Florença, chegou também a C., que
eu já conhecia e com a qual já tinha uma certa ligação (havia lhe
dado aulas, imaginem!!), e com a C. chegaram mais 3 portuguesas, e foram todas viver para a mesma casa...
Coitadas, no dia
em que chegaram, exaustas e um pouco assustadas, diga-se de passagem, apareceu
uma portuguesa maluca (eu) na casa delas, que não falava português há algum
tempo, que estava também ela exausta da sua infrutífera busca de casa, e ao
chegar lá, sem as conhecer, começa
a falar que nem uma louca durante mais de 30 minutos, sem parar... Não sei
o que pensaram, mas desconfio que deve ter sido algo como: “Mas, quem é esta
maluca?". Este foi o nosso primeiro contacto!
No início, e
porque a vinda delas para esta cidade tinha um objectivo diferente, um espírito
diferente, não convivemos muito. Para elas era tudo novo, ainda tinham mais
para descobrir do que eu, que pelo menos já conhecia a cidade e falava
italiano.
Mas, com o
tempo, criou-se uma forte relação, principalmente com a C., a M. e a S.
Eram frequentes
as jantaradas na “minha casinha de bonecas” ou no “estado de baco” (a casa
delas), as caminhadas pela cidade, as típicas festas de Florença e nos arredores. As visitas que ambas iam recebendo e que
partilhávamos, como se todas estivessem
a receber a visita de
parentes, mas parentes esses em comum.
Ou seja, nós
éramos já como uma família, construímos aqui “la nostra famiglia”. E não sei
bem quando, eu passei a ser a “mamma”, por ser a mais velha, por ser aquela a que
recorriam (e ainda recorrem) em dúvidas e conselhos...
E assim ganhei
três “filhotas”, três amigas, com as quais dividi tanto, neste país, nesta
cidade, na minha casa...na nossa Specola. E com as quais mantenho contacto, com
as quais ainda partilho, à distância, muito do que por aqui vai acontecendo,
mais próxima de uma ou de outra...mas sei que estão lá todas na “minha
árvore”...e que teremos para sempre “la nostra famiglia fiorentina”.
Recordo com
alegria alguns dos nossos momentos, nomeadamente quando vinham até minha casa, unicamente
para desfrutar dos meus livros (um em particular, que elas próprias me ofereceram), e simplesmente ficavam por ali a ler...
Desde que
voltaram para Portugal, nunca mais tive oportunidade de estar com nenhuma delas,
estamos sempre a pensar num grande reencontro, que na verdade, seria perfeito
aqui na nossa cidade, nos nossos cantos, a recordar de forma nostálgica alguns episódios. Muitas vezes também me
dá a nostalgia (como agora), e sinto a falta delas, apesar de ter tido sempre os
meus hábitos individuais, que mantenho, tinha sempre associado, os nossos
hábitos, os nossos momentos...
Até um possível
reencontro, fica a recordação de todos estes momentos e como costumo dizer...”We’
ll always have Florence!”.
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