26 abril 2012

"The Italian Journey" - Veneza...


Finalmente Veneza, era o que eu pensava há uns dias atrás, enquanto preparava a viagem a esta única e “Sereníssima” cidade, isto porque desde sempre, foi uma cidade que fez parte do meu imaginário e fazia igualmente parte da lista de locais a visitar... E foi então,  com muita curiosidade, que partimos para Veneza.
A chegada foi como eu previa, uma multidão impressionante  - na estação, junto aos locais de informação e nos locais para apanhar os vaporetti - o que me fez pensar “Será que isto vai ser sempre assim?”...

No primeiro dia, limitámo-nos a deambular, até chegar às zonas mais movimentadas, às atracções principais, a Piazza San Marco, o coração da cidade e que exalta todo o seu esplendor, e a agitada Ponte di Rialto (ponto de contemplação do Grande Canal), parando em cada ponte, apreciando cada gôndola que passava, fotografando cada pormenor.

E mais uma vez, sentimos a impressionante nuvem de pessoas, que se concentrava nestas zonas centrais e consideradas mais atractivas, o que não me agradou particularmente. Mas, apesar da má disposição instalada (devido à multidão – Não, eu não queria Veneza só para mim!), lá consegui ir admirando pequenos pormenores em cada edifício, em cada ruela, em cada praça (Campo – designação veneziana para todas as praças, excepto a de San Marco), em cada canal...E a cada passo deste nosso primeiro giro, constatar que Veneza, é um autêntico labirinto de ruas e ruelas estreitas (Calle e Colleta), além dos labirintos de água, os famosos canais...

No caminho inverso ao final do dia, ou seja, no caminho de regresso ao Hotel (mais propriamente um Bed & Breakfeast no sestiero Castello) e na busca de um local para jantar, fomos constatando que a cidade com o aproximar da noite, se ia transformando, não só numa cidade pouco iluminada, o que  a torna de alguma forma ainda mais misteriosa, mas também numa cidade quase deserta, com as lojas e monumentos fechados, as centenas de turistas, que durante o dia, povoam ruas, praças e gôndolas, à noite simplesmente desaparecem.

Devo dizer, estava uma noite fria, mas apesar disso, Veneza passou a ter outro encanto, mais silenciosa e harmoniosa...





No segundo dia e munidos de um bom mapa, para melhor perceber “a cidade labirinto”, organizámos o nosso dia com o objectivo de conhecer um pouco do sestiero Castello, onde estávamos instalados, assim como o que se encontra mais próximo, Cannaregio. Veneza é dividida em seis sestieri ou bairros, os antigos distritos administrativos. Podemos, igualmente, encontrar estes seis sestieri, representados simbolicamente, no ferro das gôndolas.

Mas, também convêm salientar, que nem com mapa, é muito fácil a orientação por “ruas e ruelas”...No entanto, se nos perdermos, basta seguir as placas amarelas que indicam as atracções principais (Rialto e San Marco), pois todos os caminhos vão lá dar... 

(O mais desagradável é quando nos perdemos em busca do próprio hotel!)

Neste segundo dia, queríamos então conhecer estes sestieri, menos atractivos aos turistas, mas com uma personalidade única, aos quais pretendíamos dedicar alguma atenção. Sestieri mais genuínos, como sugeriam os livros, nos quais podemos observar edifícios com fachadas mais simples, até mais degradas. Onde podemos encontrar roupa estendida de um lado ao outro do canal, e ainda o vendedor de legumes e frutas, que passa de canal em canal, tal como em algumas terras do meu Alentejo, sendo que a única diferença é o meio de transporte.
Ao visitar Cannaregio, pretendíamos igualmente conhecer o Ghetto, o mais antigo de toda a Europa. Onde conseguimos encontrar alguns símbolos e marcas de outros tempos...Assim como, provar deliciosos doces hebraicos.

Caminhando, mais uma vez, por entre as labirínticas ruas, ficámos com uma boa ideia destes autênticos sestieri e passamos para Santa Croce e San Polo, onde começámos a encontrar aprazíveis lojas/ateliers de máscaras. E, onde dois adultos que experimentavam máscaras, sonhavam e imaginavam as festas e  bailes de outras épocas.
Sempre apreciando cada pormenor de cada espaço percorrido, facilmente chegámos  a Dorsoduro. Como podem ver, esta é uma cidade que se visita muito facilmente a pé, sim, apesar de toda a água, é possível a descoberta da sereníssima, sem recorrer aos usuais meios de transporte. Claro que também recorremos aos vaporetti, mas percorremos a cidade maioritariamente  a pé.

Dorsoduro foi, a região que mais me atraiu, calma, simples, silenciosa e com uma “composição habitacional” um pouco mais ordenada. Até a água dos canais possuía outra cor.
E foi aqui, que acidentalmente, descobrimos uma exposição de fotografia Through my Window(fotografia de Ahae), que se encontrava publicitada por toda  a cidade, e que havíamos já pensado visitar. Aqui, no espaço que anteriormente serviu para guardar barcos e mercadorias (zona Zattere), e que actualmente recebe mostras de arte, terminámos o nosso segundo dia nesta encantadora e idealista cidade.





No dia (o terceiro) que havíamos pensado regressar à parte movimentada da cidade, para subir ao Campanile, para contemplar uma maravilhosa vista e apreciar o conjunto de ilhas que circundam Veneza, assim como passear entre canais, transportados por um gondoleiro e as suas histórias. Foi o dia que São Pedro, resolveu mostrar como é Veneza quando chove, quando chove e muito. Sendo possível observar, igualmente, o nível dos canais a subir e descobrir uma Veneza cinzenta, fria e um pouco desagradável...
Não conseguimos fazer o que havíamos planeado, mas continuamos a passear, ainda que debaixo de chuva. O que nos levou a passar mais tempo a visitar ateliers e a apreciar a arte de fabricar máscaras. Ainda para fugir um pouco à chuva passámos algum tempo no Devil´s Forest Pub, a degustar uma típica bebida veneziana - o Bellini, a falar de detalhes da nossa viagem, da cidade, da comida (que é horrível!), da impossibilidade (na minha opinião) de viver numa cidade como esta. Sim, uma encantadora e fantástica cidade, que nos faz viajar no tempo e sonhar, mas que é apenas para admirar e passear por uns dias...


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